quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Poema de Gonçalves Dias

    Se se morrer de amor
      (fragmento)

  Se se morre de amor!- Não, não se morre,
  Quando é fascinação que nos surpreende
  De ruidoso sarau entre os festejos;
  Quando luzes, calor, orquestra e flores
  Assomos de prazer nos raiam n'alma,
  Que embelezada e solta em tal ambiente
  No que ouve, e no que vê prazer alcança!

  Simpáticad feições, cintura breve,
  Graciosa postura, porete airoso,
  Uma fita, uma flor entre os cabelos,
  Um quê mal definido, acaso podem
  Num engano d"amor, arrebatar-nos.
  Mas isso amor não é; isso é delírio,
  Ao som final da orquestra, ao derradeiro
  Clarão que as luzes no morrerdespedem:
  Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
  D"amor igual ninguém sucumbe á perda.

 Amor é vida; é terconstantemente
 Alma sentidos, coração-abertos
 Ao grand, ao belo; é ser capaz d'extremos,
 D"altas virtudes, té capaz de crimes!
 Compr'ender o infinito, a imensidade,
 Ea natureza e Deus; gostar dos campos,

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